10 de setembro de 2015

Como eu lido com a Síndrome do Pânico

Eu sempre pensei que esse tipo de problema fosse uma bobagem só, não conseguia entender porque as pessoas sofriam com depressão e ansiedade, achava que isso era loucura e tomar remédios pra isso ainda mais, pra mim era tudo uma questão de colocar a cabeça no lugar e retomar o controle. Até que um dia eu sofri com isso e tudo mudou.

Há um mês atrás fui diagnosticada com síndrome do pânico. Até descobrir o que eu tinha sofri demais, não lembro exatamente mas levou cerca de 15 a 30 dias. Eu não surtei de repente de uma hora pra outra, os sintomas foram aparecendo aos poucos, sutilmente. Pra vocês me entenderem melhor, vou explicar desde o começo.

O que desencadeou a minha síndrome?
Em junho eu anunciei aqui que estava grávida de dois meses, foi uma das melhores coisas que me aconteceu, meu marido e eu queríamos muito nosso bebezinho, estávamos radiantes! Mas de repente sofri um aborto espontâneo. Sei que isso é normal de acontecer em uma primeira gestação, mas eu jamais imaginei como seria. Sofri demais, como nunca antes, uma dor emocional profunda e muito sofrimento físico. Foi um grande trauma, os próximos dias foram ainda mais difíceis, eu não conseguia sair da cama devido as dores, fraqueza e meu luto pelo nosso filhinho, chorei como nunca. Foi esse trauma, entre outras preocupações, que trouxeram a tona a síndrome do pânico cerca de 15 dias depois.

Quais são os sintomas?
Acredito que isso pode variar um pouco pra cada pessoa. Eu tive uma dificuldade enorme pra respirar, fraqueza, dores no peito.... O que me deixou paranoica, porque não saía da minha cabeça que isso era um problema no coração e que a qualquer momento eu teria um infarto, um ataque cardíaco e iria morrer. Isso piorou muito durante 15 dias, eu nem dormia mais, não tinha jeito de relaxar, meu corpo inteiro estava rígido, mãos e dentes apertados. Não ficava sozinha nunca, tinha medo de desmaiar a qualquer momento. Depois de 3 idas ao hospital e eletrocardiograma normal, sem nada ruim no coração, uma médica atenciosa conversou comigo no auge do meu sofrimento, eu só sabia chorar, me deu o diagnóstico e tirei todas as minhas dúvidas. Só então eu entendi que isso era uma doença e precisava de tratamento médico.

Como tratar?
Isso também é muito diferente em cada caso, só um médico pode avaliar e prescrever o tratamento adequado. No meu caso tomo dois tipos diferentes de remédios bem fortes, dois anti depressivos pela manhã e um calmante a noite pra conseguir dormir. O tratamento é por tempo indeterminado, após duas semanas ele surte o efeito esperado. Pra quem sofre desse problema digo que não desanime e não desista. Estou fazendo o tratamento há 30 dias e semana passada tive uma recaída, fiquei apavorada de novo, mas encontrei forças... Faça o mesmo, erga a cabeça, saia da cama, se arrume, invente algo pra fazer. Eu tenho consciência de que tenho que fazer algo por mim mesmo além de tomar os remédios. Olha só o que tem me ajudado muito:

♥ Ler! Havia esquecido como é maravilhoso ler, pra me distrair peguei o que me agradava mais na estante de casa, Harry Potter e a pedra filosofal, devorei o livro em três dias e não parei por aí... A patroa da minha mãe tem biblioteca em casa e me empresta livros, em duas semanas eu já havia lido Harry Potter 1 e 2, O Pequeno príncipe e estava lendo Deixe a neve cair que minha prima me emprestou, terminei há poucos dias. Agora estou lendo Harry Potter 3 e o 4 que é enorme já está aqui me esperando. Também estou lendo Perdida no app wattpad.

♥ Assistir filmes. Ou qualquer coisa que você goste, eu assisto animes, filmes e séries, não consigo ver mais nada que tenha morte, doença, muito choro, tensão... Só coisas leves e engraçadas.

Exercício físico. Eu ainda não estou fazendo isso adequadamente, as vezes pedalo, me estico, caminho, mas preciso ser mais constante.

♥ Artesanato. Isso me ajuda bastante!

♥ Ambiente e companhia. O ambiente é muito importante pra relaxar, eu gosto da tranquilidade do meu lar, da companhia do meu marido, todo amor, apoio e conforto que ele me dá.

♥ Sol! Eu sempre gostei de ficar dentro de casa e no computador, agora descobri o prazer de sentar no quintal da minha casa e aproveitar o sol da manhã, enquanto leio um livro, escuto e observo os pássaros. É tão reconfortante!

♥ Ouvir música pra acalmar e algumas também pra animar!

♥ Chazinhos e alimentação. Chá calmante durante o dia me ajudou no início, agora tomo na hora dormir. Aprendi que couve, espinafre, linhaça, chia, salmão, atum e sardinha são ricos em ômega 3 que é importante pra quem sofre com distúrbios emocionais, estou incluindo no cardápio.

♥ Força e fé espiritual. Independente de religião, sempre podemos encontrar mais força em Deus, eu encontrei e estou vencendo minhas dificuldades e encontrando conforto e alegria.

Além de tudo isso o que é muito importante pra mim é o amor e atenção da família. Cada abraço, palavras positivas que recebo, carinho e paciência dos amigos e familiares me deixa feliz, com novo ânimo. Ainda estou aprendendo a lidar com a síndrome do pânico, faço tudo o que me agrada e proporciona alegria e distração. Ainda tenho alguns sintomas, mas continuarei com o tratamento até estar 100%.



Obrigado por me acompanhar até aqui e ouvir meu desabafo (outra coisa que faz bem). Conto com seu carinho e apoio sempre! Um beijo! ♥